sexta-feira, 30 de março de 2012

Coisas da Irlanda (1) - Dia Duit!*

Placa na NUIG (National University of Ireland, Galway)

Sabe quando a gente salta em uma piscina, dá um mergulho bem fundo e aos poucos volta à superfície? Acho que é a melhor forma de explicar essas 3 semanas aqui.

Assim que cheguei na Irlanda, fiquei quase três dias sem falar português, sem internet, sem contato com brasileiros. Imersão total, sem saber direito onde caí. Aos poucos, fui entendendo melhor a situação, conhecendo as pessoas, os lugares e tudo começou a fazer mais sentido. Algumas ruas já não são mais estranhas, hábitos e características já não são tão diferentes e o novo vira rotina. Mesmo assim, tudo é motivo pra reparar, pesquisar, perguntar, fotografar. Tô adorando. Prato cheio pra quem gosta de conhecer novas culturas.

Uma das coisas que mais chamam a atenção assim que se colocam os pés na Irlanda é que praticamente todas as placas - carro, trânsito, lojas, etc - estão em duas línguas: inglês e gaélico (ou irish ou simplesmente irlandês). Isso acontece não só por causa do patriotismo exarcebado dos irlandeses - que eu acho bem similar ao nosso jeito gaúcho. Ocorre também por causa de leis que estimulam o uso do irish no dia-a-dia: escolas primárias são obrigadas a ter aulas de irish, há um departamento responsável por promover a cultura e a língua irlandesa, entre outras medidas. 

Sim, até as placas de obras tem esse lance...

Até o século 16 quase toda a população falava irlandês (quase 4 milhões). Com a Grande Fome na metade do século 19, muitos morreram ou saíram do país e o número de falantes da língua nativa caiu para pouco mais de 600 mil no final do mesmo século. Ainda assim, o irlandês é a língua oficial, seguida do inglês. Conforme o senso nacional de 2006, estima-se que são 80 mil falantes da língua. A maioria vive hoje nas chamadas Gaeltachts, que são regiões que tem o gaélico como idioma predominante.

Galway é um desses lugares.  Geralmente ouço inglês por aqui, mas já ouvi em variadas situações as pessoas conversando em gaélico. E posso dizer que não dá pra entender absolutamente nada. Lembra um pouco o alemão, mas ainda assim é bem diferente. Pra começar, os nomes não são lidos como se lê. Por exemplo: o nome da minha gerente do banco se escreve Ailbhe, mas se lê Alva. Galway em gaélico é Gallihm, mas se lê Galif ou Galim mesmo.

Algumas palavrinhas que a gente lê direto por aqui:
an lár = centro da cidade
fáilte = bem-vindo
gardaí = polícia
oscailte = aberto
óstán = hotel
bau / bally = cidade
kil = igreja
fleadh = festival

Até fiz uma aula de irish por aqui, adorei! Mas por enquanto, vou ficar no inglês mesmo. Por enquanto... Slán!**

*Saudação quando se encontra alguém, tipo um "oi". Literalmente quer dizer algo como "Que Deus esteja com você".
**Adeus :)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Diversidades e despedidas

Turminha do Upper Intermediate. Jinsub fazendo peraltisse com a Cris :D

É incrível como as coisas andam muito rápido por aqui. Faz menos de duas semanas que eu cheguei e parece que foram dois meses. Quando ligo pra casa e pergunto quais são as novidades chega a ser estranho as pessoas não terem nada pra contar e às vezes eu tenho que me controlar pra não ficar meia hora falando sobre as coisas que acontecem por aqui. Claro, que daqui a alguns dias essa euforia tende a diminuir, mas por enquanto todo dia tem algo novo.

Uma dessas novas experiências foi a primeira despedida. A Cristina, de Sorocaba, ficou seis meses por aqui e passou por poucas e boas. Chegou sem saber falar inglês, as malas tinham sido extraviadas e por aí vai... foi uma pessoa que me ajudou muito desde que eu cheguei e sempre foi parceira.
Tenho certeza de que ela vai sair daqui uma pessoa diferente, com um inglês que passou de elementary a upper intermediate, com um brilho próprio que contagia e que vai ser muito feliz! Na semana que vem é a vez da Gabi, que ainda vai dar umas bandas por Amsterdã antes, mas em seguida volta pro Brasil. Super parceria pra qualquer indiada!

Aqui o vai e vem de alunos e amigos é constante. Geralmente os coreanos e brasileiros são os que ficam mais tempo por aqui, em torno de 4 a 6 meses, por causa da distância ou pelas oportunidades. Já os europeus ficam em torno de 8 semanas apenas para aprender ou aprimorar o inglês e voltam para seus países. Alguns chineses também ficam um longo período, mas boa parte estuda inglês para cursar uma universidade daqui.

Na escola onde eu estudo há alunos de 17 nacionalidades diferentes. Há muitos árabes, entre eles, meninas com o rosto ou o cabelo coberto. Mas elas dificilmente cumprimentam ou arriscam uma conversa. Pelo menos comigo, até agora foi assim. Os coreanos também estão por tudo e todos que conheci até agora são extremamente simpáticos, gente de coração bom, sabe? Fiz vários amigos, alguns trato como irmãos mais novos, como o Min, que está na mesma casa de família que eu e esse fim de semana vai pra outra casa.

Essa coisa de criar laços em tão pouco tempo é algo completamente novo pra mim. Não sei se pela minha personalidade, ou pela cultura onde fui criada, sempre tive poucos grandes amigos, todos de longa data. Mas aqui a gente vê que sempre também tem espaço pro novo e que todos estão no mesmo barco, querendo se ajudar. Mas de tempos em tempos, alguns têm que desembarcar. E essa despedida foi a primeira de muitas outras que estão por vir. É a arte do desapego... e como a gente fala por aqui quando se despede... "See you, então!"

quarta-feira, 21 de março de 2012

"Lucky girl".... ou não.


Nunca fui uma pessoa com muita sorte... sempre perdia no bingo e o máximo que ganhei numa rifa de almoço foi uma garrafa de suco de uva. Mas sabe aquela sensação estranha de que tudo está indo bem demais pra ser verdade? Pois então... era o que eu vinha sentindo até então.

Desde que eu cheguei, as coisas sairam perfeitamente dentro do esperado: voos no horario certo, malas chegaram sem problema, comunicação tranquila com as pessoas, homestay muito bacana, amigos de todos os lugares do mundo...   Conversando com alguns colegas, principalmente brasileiros, ouvi muitas histórias em que as coisas davam errado o tempo todo. E eu só pensava: bah, mas eu devo ter sorte...

Pra completar, arrasei na noite do boliche da galera da escola com uns 5 strikes, além disso, em quase uma semana eu ainda não tinha visto chuva. Uma legítima "lucky girl", uma garota de sorte, como diziam por aqui. Óbvio que eu já tava me achando né? Pois é. Estava. Eis que surge o primeiro problema. Um grande problema, eu diria. O único que não poderia acontecer com um estrangeiro.

Fui abrir minha conta no Banco na quinta-feira, junto com uma brasileira, a Bruna - que é a cara da Ivete Sangalo, vocês precisam ver. Levamos a carta da escola e o passaporte, solicitamos nossa conta, tudo ok. Só era preciso passar no dia seguinte para fazer um depósito inicial e obter nosso número da conta. Ok... Fiz o caminho habitual pra escola e de lá para homestay. Toda a vez que eu chego em casa, tenho o hábito de organizar minhas coisas pra ver se tá tudo ok, se esqueci de algo, coisas assim. Eis que surge o primeiro problema. Não encontro minha capa do celular. Ok, deve ter ficado na escola. Ao olhar minha carteira, não encontro meu cartão de estudante da escola. Ok, devo ter esquecido no lugar em que comprei as passagens ou em algum bolso. Sem problemas. Mas quando eu não achei o meu passaporte... aí a coisa começou a ficar feia.

Revirei tudo que dava. Pânico: afinal de contas, meu único documento aqui até agora é meu passaporte. Senta, respira, repensa cada movimento feito no dia, confere tudo. No dia seguinte começa a procura: Na escola nada, banco nada também. O negócio é fazer uma ocorrência na polícia, a Garda. A policial que me atendeu foi extremamante simpática e prestativa. Registrou minha ocorrência e na mesma hora ligou para outros postos pra ver se alguém havia encontrado. Além disso, foi atrás do endereço da embaixada brasileira em Dublin e fez questão de ligar pra lá para que eu conversasse com alguém para ver o funcionamento do procedimento.

Bem ao contrário da pessoa que me atendeu na Garda, o homem ao telefone na embaixada brasileira foi extramemente rude. Se negou a me informar o procedimento para solicitar outro passaporte, indicando que eu checasse o website. Duas vezes. E ainda disse que só atendeu o telefone porque achava que se tratava de uma ocorrência importante, como uma morte. Ok, não tenho internet em casa, como faço? "Procure um café ou outra coisa. Você encontra internet em qualquer lugar." A policial da Garda ficou surpresa quando eu expliquei o que me foi dito ao telefone. Ela não acreditava. Nem eu.

É bom saber que mesmo com pessoas assim no mundo, a gente encontra gente boa também. Foi o caso da Cris, uma brasileira que estuda na mesma escola e já está indo embora. Ela me deu a maior força, foi comigo em todos os lugares e me deu dicas valiosíssimas. 

Enfim, restou planejar minha ida à Dublin pra fazer um passaporte novo. Nesse trajeto, outro resquício de sorte: uma ex-colega de escola, a Dima, mora em Dublin e foi super dez me oferecendo lugar pra ficar. E de quebra, a casa dela é pertinho da embaixada.  Bom, só me restava rezar pra São Longuinho e fazer promessa pra St. Patrick: se eu encontrasse o passaporte, ia tomar 4 pints!
Feita a promessa, acendido vela, e contando com uma ajuda especial das preces da minha vó, que reuniu a vizinhança toda pra rezar o terço, o passaporte aparece! Como?
Lembram da Ivete Sangalo do início da história? Me ligou na terça-feira de manhã dizendo que meu passaporte estava nas coisas dela.... eu disse pra ela "Eu quero te matar... mas eu quero te dar um abraço!!"

Moral da história:
- a sorte tá comigo mesmo;
- reza braba da galera ajuda;
- promessas pra São Patrício funcionam. Só não sei se ele aceita pagamento parcelado.

domingo, 18 de março de 2012

St. Patrick's Day - o carnaval irlandês

Eu e o Juve no St. Patrick's Day

Quando St. Patrick chegou na Irlanda na metade do século 1, não imaginava que mil e poucos anos depois a celebração ia ser dessa maneira. Na verdade, nem eu imaginava.
Eu e alguns amigos brasileiros fomos a Dublin para ver como é a maior festa do país. Chegamos para assistir a parada na O'Connel Street. O lugar é tomado de verde. chapéus, mantas, tiaras, camisetas, fantasias. É raro ver alguém que não esteja à caráter. Crianças, adultos, avós, estrangeiros... As pessoas se amontoam para assistir a parada que dura uma hora e pouco. São bandas de colégios, carros alegóricos, encenações... vou dizer que é bacana sim. Mas olha... a Festa da Uva não perde por muito não, viu?

A diversão maior é depois, quando a galera toda vai pro Temple Bar, famoso bairro da cidade, cheio de pubs, cafés e danceterias. E pra completar, ontem tava rolando jogo de rúgbi entre Inglaterra e Irlanda, então já dá pra imaginar como tava tudo cheio.

Eis o Temple Bar...

Nas ruas, o pessoal canta, dança, faz folia. Um típico carnaval, mas com algumas diferenças básicas. A principal é que não se pode beber na rua. Ou melhor, não é possível ser visto com bebida. Porque né... não tinha alma viva sóbria naquele lugar. Mas por várias vezes vi o pessoal da Garda abordando a galera numa boa, colocando a bebida fora e o pessoal ainda brincava, dizendo coisas do tipo "ah, mas ao invés de colocar fora, podia ter tomado né?".

Outra coisa é que não se tem uma música alta em algum lugar. Em cada pub rola um tipo de música - ou não. Pode ser simplesmente um jogo de futebol ou rúgbi na tv. A trilha fica por conta da galera nas ruas. à vezes uma galera  que senta num canto com o violão, com gaita irlandesa, banjo ou qualquer outro instrumento. Abrem os cases espernando as moedas do pessoal que faz a festa ao redor. Ou ignora mesmo, hehehe...

E a brasileirada? Óbvio que bombou. Até bloco na rua fizeram. Amarraram uma cordinha e iam andando de lá pra cá no Temple Bar cantando "ai se eu te pego", "em fevereiro tem carnaval...". E digo pra vocês: era brasileiro DEMAIS. Juro, ouvi mais português na rua do que inglês. Tive mais certeza ainda de que escolhi a cidade certa pra aprender inglês. Em Dublin ia ser muito mais difícil.

Entre sandubas, pints e vodkas, me diverti pra caramba! Além do ambiente ser engraçadíssimo, a galera que foi comigo é muito 10! Fizemos festa do início ao fim, sem parar. Um típico carnaval irlandês.

PS 1: Fiz um zilhão de vídeos. Eu juro que tentei, mas editar no Windows Movie Maker NÃO ROLA!!! Assim que possível, vou instalar o Premiere nessa bagaça.

PS 2: Ninguém sabe meu nome. Todo mundo me chama de Carla Bruni por aqui ¬¬.

terça-feira, 13 de março de 2012

As primeiras vezes

Quem nunca ouviu que pra tudo nessa vida tem uma primeira vez? Pois então, primeira viagem pra Europa, primeira vez ficando tanto tempo longe de todo mundo, primeiro jet lag, primeiras impressões....

No domingo mesmo conheci o primeiro pub. The Quay's. Todo lindo, decorado como uma biblioteca antiga, e com uma banda ótima que tocou Men at Work, Pink Floyd, Florence and the Machine... e foi lá que tomei minha primeira pint de Guiness. Sim, achei melhor que no Brasil. Não me perguntem se é a água, o gosto ou o fato de estar na Irlanda que deixou ela melhor. Mas curti.

Na segunda-feira, primeiro dia de aula. Óbvio que cheguei atrasada. Mas tudo certo, fiz a entrevista, fiquei no Upper intermediate, por enquanto.
Rapaz, tem gente de tudo que é lugar no mundo. Claro que brasileiro não falta. Só na minha turma, somos em 5. Mas durante as aulas a gente só fala em inglês. Há também pessoal da Suíça, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Itália, Argentina... boa parte tri a fim de conversar, de conhecer pessoas novas e principalmente: praticar o inglês.

Também na segunda-feira, primeiro city tour. Na verdade, eu já conhecia todos os lugares, mas é bacana ouvir um pouco da história de cada um. Em breve eu coloco aqui, depois que eu fizer as fotos de cada um deles.

Em dois dias, muitos primeiros. E só de pensar no que tem vindo por aí, já começo a achar que não vai dar tempo de fazer tudo. E sim, não é a primeira vez que penso nisso.

Ps: todos os brasileiros achavam que eu não era brasileira ¬¬. E já me pediram informações na rua pelo menos umas 5 vezes. Acho que estou bem ambientada.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Galway is so lovely! - Primeiras impressões

Nunca fui de acreditar nesse negócio de amor à primeira vista. Como tu vai saber se tu gosta de algo ou alguém sem nem ao menos conhecer? Impossível... Mas devo admitir que meu pensamento vem mudando.

Quando procurei informações sobre Galway pela primeira vez e vi as fotos do lugar, deu um apertinho no coração que dizia: é essa! E assim escolhi, mesmo sendo uma cidade pequena, três horas distante de Dublin e poucos brasileiros.

Ao chegar aqui, depois de um dia e meio de viagem, já cometi a primeira gafe óbvia: fui entrando do lado errado do taxi. O motorista só me olhou e disse algo do tipo: "Acho que seria melhor eu dirigir, não?" Começamos bem. O Pat é motorista de taxi em Galway há alguns anos, veio de uma cidade há uns 20 km de distância - que eu confesso, não lembro o nome. Foi muito simpático e prestativo.

Facilmente cheguei na minha casa, apesar de não ser aquela que o google maps indica. É na verdade bem mais bonitinha - minha fé no Google foi abalada. Mary é uma senhora muito simpática, que me recebeu super bem, mesmo não sabendo que eu estava pra chegar. Seu sobrinho Sean, a visita todos os sábados e estava com ela. Conversamos bastante e na janta, ela me serviu uns sanduba maravilhoso - sem dúvida um dos melhores que eu já comi - e uma sopa de abóbora, também ótima (o Edú iria gostar muito!) Meu quarto é super pequeno, mas bem aconchegante.

A cor de tijolo é onde estou morando :)

No domingo, depois de umas 12 horas de sono, fui conhecer Galway. Mary me levou a alguns dos principais locais e depois me largou na cidade.  Sério, em questão de 5 minutos de caminhada, eu teria mais de 15 mil assuntos pra postar. É muita informação de uma vez só. A cada passo uma novidade, uma lembrança, uma empolgação. Eu dava pulinhos e risadas de alegria. Era fácil ver que eu era uma estrangeira com minhas exclamações de "baaaah, olha isso!". Na boa. Lembrei de muita gente aqui: seja nas camisetas lindas de rúgbi pro meu irmão, seja nas lojas baratésimas e lindas pra Gabe, seja nas flores Daffoldhil pro Edúbis (ñ sei como escreve), seja nos carros com nomes diferentes pro Gabri... enfim... uma infinidade de coisas pra todo mundo e pra mim (já achei uma Tin Whistle por €12 com manual e cd. Preciosa vai ter uma companheira em breve). Teria gasto todo meu dinheiro hoje, se pudesse.

Além disso, tudo é lindo. Tudo é fofo. Os músicos e pubs estão por todos os lados: na Eyre Square, na Quay Street, na Shop Street... por tudo! Confesso que meu senso de direção não tava preparado para as ruas de Galway. Eu não sabia onde eu tava e nem pra onde eu ia. Eu só caminhava e deixava a cidade me guiar. Tudo é perto, tudo é compacto, e o mais interessante: tem tudo que se possa imaginar. É uma diversidade de coisas e informações que fazem a gente pirar.

Estranhamente, tudo parece natural. Eu acho que esses amores à primeira vista fazem isso com a gente: mesmo se sentindo confusa, perdida, eles te fazem sentir como se tudo fosse lindo. Como se tudo isso fosse... natural.  :)
Vista do ônibus em Dublin. Ok, ñ tem verde na foto. mas tá valendo.
Cinza e verde. Essas eram as cores que me vinham na cabeça quando eu pensava na Irlanda. Talvez por ter visto em fotos, os verdes campos e os castelos... E foi isso que eu vi de fato. Obviamente o céu de Dublin estava nublado, as árvores estavam todas secas. A grama tem um verde que eu não sei explicar, mas é a tonalidade mais linda da cor. Em sobretom, o cinza dos muros de pedra. De vez em quando, alguma cor sobressai, dando o contraste e deixando o cenário mais alegre, como alguns prédios e as flores amarelas típicas.

Meio poético, mas Dublin me despertou isso. Só de olhar pela janela do avião que estávamos chegando na Irlanda, deu um nó no estômago. Foi quando caiu a ficha do que eu tava fazendo. Uma mistura de alegria, com medo, com "o que diabos eu tô fazendo aqui???"

Ainda sigo nesse estado, mas de uma forma muito estranha, como se tudo isso fosse um sonho. Deve ser o jet lag, não sei...

O que eu sei é que em dois dias, tenho histórias pra uma semana. Um dos objetivos da viagem já está sendo alcançado. E vai ganhando mais cores, a cada dia. Incluindo verde e cinza.

Fora do contexto: Quando eu vi um caminhão de Guiness, eu enlouqueci querendo bater foto. Mas não deu 5 minutos apareceu outro, e outro, e outro... aí perdeu a graça :P

domingo, 11 de março de 2012

Cheguei, to viva

Teclado em que eu ainda nao consegui achar os acentos, mas ok.
Soh pra avisar que cheguei bem, to viva, ta tudo super certo!
Onde estou morando nao tem internet, portanto vai ficar um pouco dificil de postar tudo aqui. mas assim que possivel, conto um pouco de tudo.

Muita, mas muita coisa pra dois dias. Tudo super certo!!

Um beijo pra todos!

A praga brasileira

A gente sabe que brasileiro está espalhado pelo mundo. Mas quando a gente fala de brasileiros na Irlanda... é pior ainda. Inclusive, há uma cidade chamada Gort onde quase toda a população é de brasileiros. Pra se ter uma ideia: já em Porto Alegre encontrei uma menina, a Michaela, que ia pegar o mesmo voo que eu em São Paulo. Ela já tinha combinado com outros três meninos do Espírto Santo de encontrá-los no check in. Eles, por sua vez, encontaram o Antonio, de Goiânia que também estava rumo à Dublin. Não deu outra: em questão de tempos já estávamos amigos, jogando Uno na sala de embarque.

O voo foi tranquilo, com figuras bem exóticas, inclusive com Mr. Heckels, de Friends. Como o pessoal teria o vôo mais cedo que o meu em Amsterdan, eles saíram correndo e eu fiquei pra trás. Confesso que foi uma sensação ótima estar sozinha do aeroporto de Amsterdan e encontrar tudo tranquilamente, sem nem ao menos pedir ajuda. Foi aí que eu pensei: preciso ficar mais sozinha e fugir um pouco dos brasileiros. Se aparecer algum, vou me fazer de louca. "I don't speak portuguese". Mas era questão de minutos, um dos meninos encontrou brasileiras que iam no mesmo voo que eu. Aí não teve jeito. mas melhor assim. Aproveito agora essa companhia, porque depois não sei como vai ser.

Mas é um negócio muito interessante. Não sei exatamente se é por sermos brasileiros, ou se era porque todos estavam com um objetivo em comum, com ansiedades, medos, expectativas. O que acontece de fato é que meros desconhecidos, por algumas horas, se tornam amigos de infância.

Ps: não tenho internet na minha homestay!! então vou ter que postar tudo de uma vez só. :/

quinta-feira, 8 de março de 2012

Wish me luck!

Foto: Getty Images - April Bimer

"Viajar é fatal para o preconceito, a intolerância e as ideias limitadas; só por isso, muitas pessoas precisam muito viajar. Não se pode ter uma visão ampla, abrangente e generosa dos homens e das coisas vegetando num cantinho do mundo a vida inteira."


Mark Twain - Dicas Úteis para uma Vida Fútil -
um manual para a maldita raça humana (Thanks, Fábio Borges!)



E aí meu povo!

Tá chegando a hora! O friozinho na barriga custou a aparecer, mas agora tá com tudo. Amanhã estou embarcando rumo à Galway, Irlanda. Nesses próximos meses vocês poderão acompanhar por aqui um pouquinho dessa viagem. Se quiserem, dá pra bisbilhotar nos posts anteriores a preparação pra essa pequena aventura.

Desde o momento em que fechei a viagem até agora, ouvi de tudo. Muitos acham que eu sou corajosa, outros acham que tava mais do que na hora de fazer isso, ou até velha demais.... Mas o mais bacana é ver como tem pessoas que torcem pela gente, que apoiam, que incentivam, (que vão em todas as mil despedidas, hehehe). Afinal de contas, largar tudo pra correr atrás de um sonho, não é tão simples. Dá medo. Mas é um medo bom de sentir. E vamo que vamo! Me desejem sorte!
 
Um beijo pra quem fica! ♥

Há alguns anos eu não sabia, mas já sabia pra onde eu ia!

quarta-feira, 7 de março de 2012

A vida em uma mala.

E é essa semana, galera! Depois de muitas despedidas, agora é só enfiar tudo na mala e bora pegar o primeiro avião com destino à felicidade, já diriam Leandro & Leonardo.

Opa... enfiar tudo na mala? Como resumir uma vida em uma mísera mala de até 32kg? Ok, meu limite é duas malas. Mas como estarei sozinha, além do avião, terei ainda que encarar 3 horas em um ônibus. Quanto menos tralhas pra carregar, melhor. Difícil fazer isso sendo a princesa da quinquilharia, perdendo o posto de rainha apenas para minha vó, que guarda até hoje os primeiros brindes da Avon.
A segunda mala vai ficar pra volta, pra trazer as novidades de lá.


Enfim, escolhidas as roupas, acessórios e demais objetos (e sim, isso inclui a minha flauta), hora de colocar à prova o espaço da mala novinha em folha. Foram uma... duas.. três.... quatro tentativas. (ufa!) Finalmente descobri a utilidade de ter jogado Tetris na minha infância. Serão 29,6kg de pura ginástica.

Seguem aí algumas dicas que me ajudaram a fechar a mala:

1. Pesquisar bem sobre o clima da cidade: Galway, como toda a Irlanda, é uma cidade úmida, com bastante vento. Chegarei lá no fim do inverno. Portanto, estou investindo em poucas peças para o frio e muitas que podem ser usadas no inverno e verão, como shorts e saias. O que nos leva ao próximo item.

2. Peças coringa e que não amassem: Sabe aquela calça azul de linho maravilhosa que você ganhou da sua mãe pra 'ahazar' no natal? Pois é, esquece. O negócio é levar peças que combinem com tudo ou quase tudo. Calças jeans, baby looks, casacos com cores neutras e claro: tecidos que dificilmente amassem.

3. Space bags. Não é feitiçaria, é tecnologia! A space bag, que tem o nome genérico de "saco organizador à vácuo", ajudou na hora dos casacões, lençois e toalhas. Pra quem não conhece, funciona assim: depois de vedar bem a roupa dentro do saco com zip loc, se usa um aspirador para tirar o ar, deixando o produto embalado a vácuo. Diminui bastante o volume ocupado.
Comprei o Vac Bag médio (45x65cm), da Ordene. 10 reais, na Dispapel aqui em Caxias.



4. Organização: Ao invés de colocar uma peça sobre a outra ou simplesmetne amassar tudo, uma boa dica é fazer rolinhos com as roupas. Também ajudou a diminuir o volume das peças. Calçados embaixo ou nos cantos da mala, pra proteger os objetos mais sensíveis. Aproveite cada canto! Sobrou um espacinho? Enfia uma meia, um cinto...

5. Pratique a arte do desapego: isso é para poucos. Saber que se vai ficar longe 7 meses daquela roupa ou daquele livro, dói o coração. O negócio é levar uma coisa de cada, embalagens pequenas, coisas menores. O que faltar, se compra lá ou se adapta ao novo. Lembrando que sempre que bagagem de mão não pode levar embalagens com líquido com mais de 100ml. Então, pra não se incomodar, coloque na bagagem shampoos, cremes, etc.